Informação sobre doença de Alzheimer, causas, sintomas e tratamento de Alzheimer, identificando o seu diagnóstico, assim como da demência associada, com dicas que possam contribuir para melhorar a qualidade de vida de doentes e familiares.


domingo, 15 de julho de 2012

Tratamento medicamentoso da doença de Alzheimer

O tratamento da doença de Alzheimer deve ser multidisciplinar, envolvendo os diversos sinais e sintomas da doença e suas peculiaridades de condutas.
O objetivo do tratamento medicamentoso é propiciar a estabilização do comprometimento cognitivo, do comportamento e da realização das atividades da vida diária (ou modificar as manifestações da doença), com um mínimo de efeitos adversos.
Desde a introdução do primeiro inibidor da acetilcolinesterase, os fármacos colinérgicos  donepezila, galantamina e rivastigmina são considerados os de primeira linha, estando todos eles recomendados para o tratamento da doença de Alzheimer leve a moderada.
O fundamento para o uso de fármacos colinérgicos recai no aumento da secreção ou no prolongamento da meia-vida da acetilcolina na fenda sináptica em áreas relevantes do cérebro. É sabido há muitos anos que a degeneração das vias colinérgicas cerebrais desencadeia algumas das manifestações da doença de Alzheimer avançada e, em particular, contribui para os deficits característicos da cognição. Diversas abordagens colinérgicas, como agonistas muscarínicos e nicotínicos e compostos para aumentar a liberação da acetilcolina, foram experimentadas como tratamento para a doença de Alzheimer, mas sem efeitos clínicos úteis. Alguns compostos foram muito efêmeros em seus efeitos terapêuticos, e um problema comum e previsível foi a incidência de efeitos adversos devido à ação colinérgica periférica.
Os inibidores da colinesterase, que retardam a degradação da acetilcolina naturalmente secretada, ofereceram um avanço mais significativo. Para serem úteis, tais fármacos devem cruzar a barreira hematoencefálica; para minimizar os efeitos adversos, devem inibir a degradação da acetilcolina a um menor grau no resto do corpo do que no cérebro. O primeiro dos inibidores a ser comercializado para o tratamento da doença de Alzheimer foi tacrina. Embora tenha se mostrado efetiva em ensaios clínicos, tem uma alta incidência de efeitos adversos potencialmente sérios, tendo já sido superada por fármacos mais novos.
A donepezila, rivastigmina e galantamina têm propriedades farmacológicas levemente diferentes, mas todas inibem a degradação da molécula de acetilcolina, o neurotransmissor classicamente associado à função de memória, por bloquear a enzima acetilcolinesterase. Ao contrário da donepezila, a rivastigmina inibe a butilcolinesterase e a acetilcolinesterase. A galantamina, além de inibir a acetilcolinesterase, tem atividade agonista nicotínica. A significância clínica destas diferenças ainda não foi estabelecida.
A donepezila tem meia-vida mais longa, sendo a administração feita 1 vez ao dia.
A doença de Alzheimer provoca comprometimento cognitivo, do comportamento e das atividades de vida diária, podendo ocasionar estresse ao cuidador. Estas alterações são o alvo do tratamento. O efeito comprovado destes medicamentos é o de modificar as manifestações da doença de Alzheimer.

Tratamento fisioterapêutico da doença de Alzheimer

O tratamento fisioterapêutico pode ser  realizado através da cinesioterapia e hidroterapia associado no padrão respiratório diafragmático. Para função cardiorrespiratória, caminhada todos os dias com acompanhante. Há outros exercícios que podem serem feitos como: Padrão diagonal do Kabat para tronco; Pegar na parte do chão; Frenkel – marcha para frente, para trás, com resistência e o ponto  chave quadril para facilitar o movimento; Andar sobre uma linha; Frenkel – marcha com marcadores colorido no chão, associado a coordenação, equilíbrio cognitivo; Trabalhar cognitivo, coordenação e movimentos finos: o paciente diante de uma mesa com vários objetos, onde o terapeuta mostra os objetos para que o paciente diga o nome; Depois o terapeuta seleciona alguns objetos e pede para que o paciente pegue o objeto com a mão dominante,  realizando movimentos funcionais; Mobilização passiva em todas as articulações; O terapeuta coloca os fantoches na frente do paciente e pede para que ele pegue os mesmos. Para estimular os movimentos, podemos usar vários recursos entre eles, o tapping, gelo, etc.;  
Para pacientes que só conseguem ficar deitados o terapeuta utiliza o método Kabat através dos padrões agonistas e antagonistas primitivos, associados com o tapping e outro estímulo propioceptivo. Esse movimento pode ser realizado com a ajuda de objetos colocados na mão do paciente, estimulando assim o feedback visual. O terapeuta deve dizer para que o paciente flexione e estenda uma perna deslizando o  calcanhar por baixo sobre uma linha reta no colchão; O paciente abduz e aduz o quadril homogeneamente com  o joelho estendido; O paciente na fase final, em decúbito dorsal pode ser colocado na prancha ortostática; Realizar as mobilizações passivas, em todas articulações, na prancha ortostática; Nesse estágio, como fica confinado ao leito, o terapeuta deve colocar o paciente em decúbito lateral e sempre deve trabalhar o padrão extensor já que ele tem  tendência a flexão; No caso do paciente se encontrar espástico e não for funcional, deve se utilizar órteses, usadas de acordo com o estado e situação do paciente.  
Na última fase o paciente deve ser acompanhado por atendimento de fisioterapia respiratória, devido a grande incidência de distúrbios respiratórios como principalmente, pneumonia. 

Efeitos adversos de Rivastigmina no tratamento da doença de Alzheimer

Os efeitos mais comuns são tontura, cefaleia, náusea, vômito, diarreia, anorexia, fadiga, insônia, confusão e dor abdominal. Menos comumente podem ocorrer depressão, ansiedade, sonolência, alucinações, síncope, hipertensão, dispepsia, constipação, flatulência, perda de peso, infecção do trato urinário, fraqueza, tremor, angina, úlcera gástrica ou duodenal e erupções cutâneas.
Os agentes anticolinérgicos podem reduzir seus efeitos. Outras interações significativas não foram observadas.
Rivastigmina deve ser usada com precaução em pacientes com úlcera péptica, história de convulsão, alterações da condução cardíaca e asma.

Efeitos adversos de Galantamina no tratamento da doença de Alzheimer

Os efeitos adversos mais comuns incluem náusea, vômito, diarreia, anorexia, perda de peso, dor abdominal, dispepsia, flatulência, tontura, cefaleia, depressão, fadiga, insônia, sonolência. Menos comuns são infecção do trato urinário, hematúria, incontinência, anemia, tremor, rinite e aumento da fosfatase alcalina. Devem ser monitorizadas as funções renal (creatinina) e hepática (ALT/AST).
Succinilcolina aumenta o bloqueio neuromuscular. Agentes colinérgicos podem apresentar efeitos sinérgicos. Inibidores centrais da acetilcolinesterase podem aumentar o risco de sintomas piramidais relacionados aos antipsicóticos.
Galantamina deve ser usada com cautela em pacientes com atraso da condução cardíaca ou em uso de fármacos que atrasam a condução no nodo AS ou AV, com história de úlcera péptica, convulsão, doenças respiratórias graves e obstrução urinária.

Efeitos adversos de Donepezila no tratamento da doença de Alzheimer

Os efeitos adversos mais comuns são insônia, náusea, vômito, diarreia, anorexia, dispepsia, cãibras musculares, fadiga. Menos comumente podem ocorrer cefaleia, sonolência, tontura, depressão, perda de peso, sonhos anormais, aumento da frequência urinária, síncope, bradicardia, artrite e equimoses.
Como a  donepezila é metabolizada por enzimas hepáticas, a taxa do metabolismo pode ser aumentada por medicamentos que elevam a quantidade destas enzimas, como carbamazepina, dexametasona, fenobarbital, fenitoína e rifampicina. Ao aumentar sua eliminação, estes fármacos podem reduzir os efeitos da  donepezila. 
Cetoconazol mostrou bloquear as enzimas hepáticas que metabolizam donepezila. Desta forma, o uso concomitante de cetoconazol e donepezila pode resultar no aumento das concentrações de  donepezila e, possivelmente, levar à maior ocorrência de efeitos adversos. Quinidina também demonstrou inibir as enzimas que metabolizam donepezilae podem piorar o perfil de efeitos adversos.
Donepezila deve ser usada com cautela em indivíduos com anormalidades supraventriculares da condução cardíaca ou naqueles em uso de fármacos que reduzam significativamente a frequência cardíaca, com história de convulsão de asma ou DPOC e com risco de úlcera.

Demência da doença de Alzheimer provável

Demência da doença de Alzheimer provável preenche critérios para demência e tem adicionalmente as seguintes características:

1. Início insidioso (meses ou anos).
2. História clara ou observação de piora cognitiva.
3. Déficits cognitivos iniciais e mais proeminentes em uma das seguintes categorias:
  • Apresentação amnéstica (deve haver outro domínio afetado).
  • Apresentação não-amnéstica (deve haver outro domínio afetado).
  • Linguagem (lembranças de palavras).
  • Visual-espacial (cognição espacial, agnosia para objetos ou faces, simultaneoagnosia, e alexia).
  • Funções executivas (alteração do raciocínio, julgamento e solução de problemas).
4. Tomografia ou, preferencialmente, ressonância magnética do crânio deve ser realizada para excluir outras possibilidades diagnósticas ou co-morbidades, principalmente a doença vascular cerebral.
5. O diagnóstico de demência da DA provável não deve ser aplicado quando houver:
  • Evidência de doença cerebrovascular importante definida por historia de AVC temporalmente relacionada ao início ou piora do comprometimento cognitivo; ou presença de infartos múltiplos ou extensos; ou lesões acentuadas na substância branca evidenciadas por exames de neuroimagem; ou
  • Características centrais de demência com corpos de Lewy (alucinações visuais, parkinsonismo e flutuação cognitiva); ou  Características proeminentes da variante comportamental da demência frontotemporal (hiperoralidade, hipersexualidade, perseveração); ou
  • Características proeminentes de afasia progressiva primária manifestando-se como a variante semântica (também chamada demência semântica, com discurso fluente, anomia e dificuldades de memória semântica) ou como a variante não-fluente, com agramatismo importante; ou
  • Evidência de outra doença concomitante e ativa, neurológica ou não-neurológica, ou de uso de medicação que pode ter efeito substancial sobre a cognição.
Os seguintes itens, quando presentes, aumentam o grau  de confiabilidade do diagnóstico clínico da demência da  doença de Alzheimer provável:
  • Evidência de declínio cognitivo progressivo, constatado em avaliações sucessivas;
  • Comprovação da presença de mutação genética causadora de doença de Alzheimer (genes da APP e presenilinas 1 e 2);
  • Positividade de biomarcadores que reflitam o processo patogênico da doença de Alzheimer (marcadores moleculares através de PET ou líquor; ou neuroimagem estrutural e funcional).

Diagnóstico de demência da doença de Alzheimer possível

O diagnóstico de demência da doença de Alzheimer possível deve ser feito quando o paciente preenche os critérios diagnósticos clínicos para demência da doença de Alzheimer, porém apresenta alguma das circunstâncias abaixo:
  • Curso atípico: início abrupto e/ou padrão evolutivo distinto daquele observado usualmente, isto é lentamente progressivo;
  • Apresentação mista: tem evidência de outras etiologias conforme detalhado nos critérios de demência da doença de Alzheimer provável (doença cerebrovascular concomitante; características de demência com corpos de Lewy; outra doença neurológica ou uma co-morbidade nãoneurológica ou uso de medicação as quais possam ter efeito substancial sobre a cognição);
  • Detalhes de história insuficientes sobre instalação e evolução da doença.

Diagnóstico de Demência (de qualquer etiologia)

Demência é diagnosticada quando há sintomas cognitivos ou comportamentais (neuropsiquiátricos) que:
  • Interferem com a habilidade no trabalho ou em atividades usuais;
  • Representam declínio em relação a níveis prévios de funcionamento e desempenho;
  • Não são explicáveis por delirium (estado confusional agudo) ou doença psiquiátrica maior.
O comprometimento cognitivo é detectado e diagnosticado mediante combinação de:
  • Anamnese com paciente e informante que tenha conhecimento da história; e
  • Avaliação cognitiva objetiva, mediante exame breve do estado mental ou avaliação neuropsicológica. A avaliação neuropsicológica deve ser realizada quando a anamnese e o exame cognitivo breve realizado pelo médico não forem suficientes para permitir diagnóstico confiável.
Os comprometimentos cognitivos ou comportamentais afetam no mínimo dois dos seguintes domínios:
  • Memória, caracterizado por comprometimento da capacidade para adquirir ou evocar informações recentes, com sintomas que incluem: repetição das mesmas perguntas ou assuntos, esquecimento de eventos, compromissos ou do lugar onde guardou seus pertences;
  • Funções executivas, caracterizado por comprometimento do raciocínio, da realização de tarefas complexas e do julgamento, com sintomas tais como: compreensão pobre de situações de risco, redução da capacidade para cuidar das finanças, de tomar decisões e de planejar atividades complexas ou seqüenciais;
  • Habilidades visuais-espaciais, com sintomas que incluem: incapacidade de reconhecer faces ou objetos comuns, encontrar objetos no campo visual, dificuldade para manusear utensílios, para vestir-se, não explicáveis por deficiência visual ou motora;
  • Linguagem (expressão, compreensão, leitura e escrita), com sintomas que incluem: dificuldade para encontrar e/ou compreender palavras, erros ao falar e escrever, com trocas de palavras ou fonemas, não explicáveis por déficit sensorial ou motor;
  • Personalidade ou comportamento, com sintomas que incluem alterações do humor (labilidade, flutuações incaracterísticas), agitação, apatia, desinteresse, isolamento social, perda de empatia, desinibição, comportamentos obsessivos, compulsivos ou socialmente inaceitáveis.

Fatores de Impacto nos familiares que cuidam de portadores da doença de Alzheimer

O primeiro fator a ser considerado é o posicionamento da família diante da doença. Assim como a doença passa por vários estágios, a família passa por diferentes etapas. A princípio, a família não sabe o que está acontecendo diante das manifestações de déficit do paciente, gerando sentimentos de hostilidade e irritação. Do outro lado, o paciente pode perceber as próprias deficiências, correndo o risco de deprimir-se. À medida que a doença vai evoluindo, ocorre a busca por um diagnóstico, porém, nem sempre os familiares o aceitam rapidamente, podendo negá-lo, na tentativa de recuperar a “pessoa de antes”.
Após a aceitação do diagnóstico, pode haver uma sensação de catástrofe. As famílias reagirão de maneiras diferentes, dependendo das próprias características (Goldfarb & Lopes, 1996). Podem ocorrer três posicionamentos indesejáveis entre os familiares: superproteção, evasão da realidade e expectativas exageradas com relação ao desempenho do paciente (Câmara et al.,1998). Os parentes que fazem evasão da realidade, ou seja, negam a doença, são geralmente os que mais sofrem; já os que assumem a função de cuidador tendem a monopolizar a função, colocando-se na posição de serem os únicos a fazer as coisas e abdicam de qualquer atividade que represente uma satisfação pessoal, acabando “heroicamente estressados” (Goldfarb & Lopes, 1996). Quando o paciente não reconhece mais seus familiares há um primeiro luto para a família, devido à “morte social do paciente”. O segundo luto ocorre com a morte biológica do ente querido (Goldfarb & Lopes, 1996).
Há situações nas quais a família não tem condições de cuidar do paciente e recorre à ajuda de uma pessoa, profissional ou não, que será remunerada para exercer o papel. Neste contexto entram em cena os cuidadores formais, sujeitos a passar por diversos conflitos com a família do paciente, podendo ser objeto de projeção de culpas e frustrações que não podem ser aceitas na família. Diante desta situação é recomendável que o cuidador formal seja discreto, passe por uma reciclagem de conhecimentos e possa conversar sobre as ansiedades das quais é portador (Goldfarb & Lopes, 1996).
Uma característica do paciente com doença de Alzheimer é a necessidade de supervisão crescente, originando fatores de estresse para o cuidador. Pearlin (1990),
citado por Engelhardt et al. (2005) sugere alguns estressores primários para os cuidadores, dividindo-os em subjetivos e objetivos. Os estressores objetivos vão se modificando ao longo da evolução da doença de Alzheimer e incluem nível de dependência em AVDs e presença de distúrbios do comportamento. Os estressores subjetivos correspondem ao modo pelo qual os estressores objetivos são experimentados pelo cuidador. Estes dois estressores podem levar a conflitos familiares, problemas econômicos e a uma sensação de aprisionamento no papel de cuidador.

Manual para cuidadores de portadores da doença de Alzemier

Existe um manual elaborado por Márcio F. Borges - médico geriatra e coordenador da Sub-regional da ABRAz Juiz de Fora - MG.
Desde 1997, trabalha com familiares e cuidadores de idosos com demências, pela Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), na cidade de Juiz de Fora - MG. A cada mês, um tema relevante ao cuidado desta doença é proposto, com palestras feitas por especialistas, dinâmicas de grupo e trocas de experiências. Todos os assuntos citados neste manual foram discutidos pelo grupo, o que muito enriquece este material. Também destacamos que várias informações citadas foram fornecidas por estudiosos de várias interfaces da gerontologia. 
Não podemos esquecer da palavra sempre clara e presente da ALZHEIMER DISEASE INTERNACIONAL e da nossa ABRAz, vitais para evitar informações distorcidas e expectativas frustrantes.
A primeira parte do manual esclarece sobre os principais conceitos acerca do assunto, tais como, demência, Alzheimer, diagnóstico e tratamento, tipos de demência e atualidades. Já na segunda parte, a alma do manual, serão apresentados os vários aspectos do cuidado ao idoso com demência. Na terceira e última parte, haverá uma variedade de temas correlatos, enfocando desde problemas de ordem legal até a melhor maneira de se escolher uma possível instituição para idosos. 
Conheça o manual, e aprenda a cuidar de familiar ou amigos portadores da doença de Alzheimer.

Acesse este link:

Cura da doença de Alzheimer

Embora não haja cura para doença de Alzheimer, a descoberta de que é caracterizada por  deficit colinérgico resultou no desenvolvimento de tratamentos medicamentosos que aliviam os  sintomas e, assim, no contexto de alguns países onde esta questão é extremamente relevante, retardam a transferência de idosos para clínicas (nursing homes). 
Inibidores da acetilcolinesterase são a principal linha de tratamento da doença de Alzheimer. Tratamento de curto prazo com estes agentes tem mostrado melhora da cognição e de outros sintomas nos pacientes com doença de Alzheimer leve a moderada.

sábado, 14 de julho de 2012

Comorbidades psiquiátrica frequentes na doença de Alzheimer

Tomando-se como critério as definições clássicas para o diagnóstico de transtornos psiquiátricos, as comorbidades mais frequentes nos indivíduos com doença de Alzheimer são os transtornos de humor e de ansiedade. Em estudos transversais de prevalência, a proporção de pacientes com doença de Alzheimer que preencheu critérios para depressão variou de 1,5% a 26%, enquanto a prevalência de ansiedade generalizada variou entre 5% e 15%.
A grande variabilidade observada, além de refletir a seleção de diferentes populações e instrumentos, levanta questionamentos sobre a validade dos critérios diagnósticos gerais quando aplicados ao contexto específico do indivíduo com DA. Assim, há uma tendência cada vez maior de adaptar os critérios diagnósticos para as particularidades psicopatológicas do paciente com doença de Alzheimer.
Ainda nesse sentido, tem sido comum o uso de instrumentos para detectar e quantificar os sintomas neuropsiquiátricos, como o Inventário Neuropsiquiátrico.  Nos cuidadores de pacientes com doença de Alzheimer, há pelo menos um sintoma neuropsiquiátrico em 78% dos casos. Os sintomas mais comuns foram apatia (53%), depressão (38%), distúrbio do sono (38%) e ansiedade (25%).

Recomendação
Observar a associação frequente entre doença de Alzheimer com comorbidades psiquiátricas, principalmente os transtornos de humor e de ansiedade; a prevalência de depressão variou de 1,5 a 26%, enquanto que a ansiedade generalizada variou entre 5% e 15%. Para detectar e quantificar os sintomas neuropsiquiátricos normalmente utiliza-se o Inventário Neuropsiquiátrico.

Neuropatologia da doença de Alzheimer

doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que se caracteriza, do ponto de vista macroscópico, por atrofia predominantemente cortical, mais acentuada no lobo temporal, principalmente na formação hipocampal.
As áreas corticais límbicas, paralímbicas e do córtex de associação são mais comprometidas desde o início.
Do ponto de vista microscópico, há redução do número de neurônios e de sinapses, e duas alterações que marcam a doença: as placas senis e os emaranhados neurofibrilares (ENF).

Relação entre a doença de Alzheimer e altos níveis de colesterol

Um estudo epidemiológico demonstrou a relação direta entre altos níveis de colesterol sangüíneo e o aumento de risco de desenvolvimento da doença de Alzheimer. Existem muitas evidências sugerindo uma forte relação entre a deterioração da homeostase lipídica cerebral, as alterações vasculares e a patogenia da doença de Alzheimer. Essas associações incluem, reconhecimento de que um transportador do colesterol, a apoE4, atuou como o principal fator de risco genético para o desenvolvimento da doença de Alzheimer, tanto na forma familiar quanto na esporádica; estudos epidemiológicos ligando os fatores de risco, como a hipertensão e altos níveis plasmáticos de colesterol, à demência; e o efeito benéfico das drogas redutoras do colesterol, como as estatinas, no combate à doença de Alzheimer idiopática. Evidências obtidas a partir de um estudo realizado em humanos indicaram que o tratamento à base de estatinas - lovastatina (Mevacor®), sinvastatina (Zocor®), atorvastatina (Citalor®) e pravastatina (Pravacol®) - conferiu proteção contra a forma esporádica da doença. Outros estudos indicaram que o colesterol foi capaz de regular o processo proteolítico da APP, favorecendo a formação da substância Aβ, ao passo que uma redução dos níveis plasmáticos do colesterol foi capaz de reduzir a formação amiloidal.

Diagnóstico clinico da doença de Alzheimer

O diagnóstico da doença de Alzheimer é de exclusão. O rastreamento inicial deve incluir avaliação de depressão e exames de laboratório com ênfase especial na função da tireoide e níveis séricos de vitamina B12. O diagnóstico de doença de Alzheimer no paciente que apresenta problemas de memória é baseado na identificação das modificações cognitivas específicas, como descrito nos critérios do National Institute of Neurologic and Communicative Disorders and Stroke and the Alzheimer Disease  and Related Disorders Association (NINCDSADRDA).
Exames físico e neurológico cuidadosos acompanhados de avaliação do estado mental para identificar os  deficits de memória, de linguagem e visoespaciais devem ser realizados. Outros sintomas cognitivos e não cognitivos são fundamentais na avaliação do paciente com suspeita de demência. 

Prevenção da doença de Alzheimer

Atualmente, não há nenhuma maneira conhecida de prevenir a doença de Alzheimer. No entanto, pesquisadores estão trabalhando arduamente para descobrir o que mantém a doença sob controle.
Embora estes achados sejam preliminares, há algumas possibilidades promissoras:

Manter o coração e os vasos sanguíneos saudáveis
A doença de Alzheimer é uma forma de demência. Evidências crescentes mostram que demência e doença dos vasos sanguíneos podem estar relacionadas. Manter o coração e os vasos sanguíneos saudáveis, por exemplo, mantendo os níveis de colesterol e pressão sanguínea baixos também pode reduzir o risco da doença de Alzheimer.

Permanecer mentalmente em forma
Alguns pesquisadores acham que exercícios mentais durante toda a vida (como ler, resolver problemas de matemática, fazer palavras cruzadas) podem reduzir o risco da doença de Alzheimer ou retardar seu início. Exercícios mentais podem funcionar por ajudarem a criar novas conexões entre os neurônios.

Sintomas da demência assocciada à doença de Alzheimer

Os sintomas da demência implicam, normalmente, numa deterioração gradual e lenta da capacidade da pessoa para se comandar ou se estabelecer em pleno funcionamento, estabelecendo um quadro crônico em que não há melhora. O dano cerebral afeta o funcionamento mental da pessoa (memória, atenção, concentração, linguagem, pensamento, etc.) e isto, por sua vez, repercute-se no comportamento. A maior parte das pessoas morre devido a "complicações", tais como pneumonia.  
Sendo a cognição um constructo que tem por objetivo a adaptação satisfatória em situações específicas e em tarefas situacionais, que mudam através do ciclo vital, é preciso saber como se caracterizam estas mudanças. Então, é necessário identificar se estas mudanças constituem as alterações normais esperadas durante o envelhecimento ou se demonstram um processo provindo da patologia.

Diagnóstico Precoce da doença de Alzheimer

Há medicamentos disponíveis, para aliviar e diminuir a progressão dos sintomas da doença de Alzheimer. O diagnóstico precoce permite que o tratamento comece logo, quando é mais eficaz.
Para fazer o diagnóstico, o médico provavelmente solicitará informações sobre:
  • Medicamentos tomados regularmente.
  • Cirurgias prévias.
  • Problemas de saúde mental do paciente e parentes próximos.
  • Uso de álcool.
  • Exame físico completo.
  • Amostras de sangue ou urina ou ambos.
  • Testes psicológicos ou de memória para ver o quão bem o cérebro está funcionando.
  • Tomografia computadorizada de crânio.

Sintomas da doença de Alzheimer

Pessoas com doença de Alzheimer perdem primeiro a memória de curto prazo. Elas podem lembrar-se de uma experiência do curso secundário, mas não lembram o que comeram no café da manhã.
Sinais possivelmente relacionados à doença de Alzheimer:
  • Esquecer coisas simples, como nomes de familiares, números de telefones usados comumente ou o mês atual.
  • Esquecer como chegar a lugares familiares.
  • Trocar coisas de lugar mais frequentemente que o normal.
  • Perder a linha de raciocínio quando está falando.
  • Repetir coisas frequentemente.
  • Sentir-se mais desconfiado, inseguro ou ansioso.
  • Perder o interesse por coisas e pessoas que costumava apreciar.
  • Sentir-se estressado quando precisa tomar decisões.
  • Problemas crescentes com memória de curto prazo que interferem no funcionamento cotidiano.
  • Esquecer para que as chaves do carro são usadas.
  • Dificuldade em reconhecer amigos e familiares.
  • Pessoas mais idosas, deprimidas ou sob estresse também podem experimentar alguns destes sintomas, sem ter a doença de Alzheimer. No caso da doença de Alzheimer, eles pioram com o tempo e em geral são mais graves.
Pode ser difícil diferenciar os sinais de perda de memória associada ao envelhecimento normal dos sinais de perda de memória que podem ser sintomas da doença de Alzheimer.
Mas a doença de Alzheimer causa mais que apenas perda de memória. Seus sintomas podem causar impacto em todas as áreas da vida da pessoa. A doença de Alzheimer leva a mudanças no comportamento, personalidade e capacidades. Com o tempo, pessoas com a doença têm problemas para executar atividades diárias, tais como tomar banho ou vestir-se.
Alguns exemplos de mudanças na vida diária, comportamento e humor causadas pela doença de Alzheimer:
  • Esquecer como fazer atividades familiares, como cozinhar, consertar coisas ou usar um talão de cheques.
  • Jogar contas fora antes de pagá-las.
  • Perder o interesse pelos amigos ou passatempos.
  • Tornar-se mais entristecido ou raivoso que o usual.

Causas da doença de Alzheimer

A causa da doença de Alzheimer ainda não é conhecida. Existem várias teorias, porém, de concreto aceita-se que seja uma doença geneticamente determinada, não necessariamente hereditária (transmissão entre familiares).

Doença de Alzheimer - Cérebro


A doença de Alzheimer causa várias mudanças no cérebro. O cérebro humano é feito de bilhões de células nervosas, chamadas neurônios. Os neurônios são responsáveis por nossas habilidades físicas e mentais. Eles nos ajudam a pensar, lembrar e dirigir nossos movimentos corporais.
A doença de Alzheimer afeta os neurônios. Os neurônios mandam mensagens de uns para os outros.
Essas mensagens nos permitem pensar, lembrar e falar. Quando alguns depósitos, chamados placas e emaranhados, formam-se no cérebro, eles perturbam o fluxo destas mensagens. À medida que a pessoa envelhece, é normal que esses depósitos se formem. Mas em pessoas com doença de Alzheimer, a formação de depósitos é maior, tornando mais difícil pensar, lembrar e fazer tarefas simples.

Fatores de risco para doença de Alzheimer

Dois fatores de risco conhecidos que aumentam o seu risco para doença de Alzheimer são:
  1. Idade avançadaCerca de 5 em 100 pessoas têm doença de Alzheimer aos 65 anos. Aos 80, essa proporção aumenta para 1 em cada 5. Aos 90, aproximadamente metade de todas as pessoas tem algum sintoma de demência. Embora a doença de Alzheimer afete tipicamente pessoas com mais de 65 anos, ela pode também afetar pessoas mais novas. Mulheres são mais propensas a desenvolver a doença que os homens – em parte, porque mulheres vivem mais.
  2. HereditariedadeApenas 3% de todos os casos de Alzheimer tem uma ligação hereditária comprovada. A hereditariedade desempenha um papel muito maior na doença de Alzheimer de início precoce (antes dos 65 anos). Quarenta por cento das pessoas que desenvolvem Alzheimer de início precoce tem uma história familiar da doença. Mas mesmo que você tenha membros familiares com Alzheimer, não é certo que você vá desenvolver a doença. Pesquisadores ligaram a forma mais comum de Alzheimer, de início tardio, à proteína apolipoproteína E. Todas as pessoas tipicamente herdam duas cópias deste gene. Se carregar uma variação particular desse gene, você tem risco aumentado para doença de Alzheimer. Mas não é certo que você irá desenvolvê-la.
Fatores de Risco Possíveis

Pesquisadores não provaram ainda uma ligação entre a doença de Alzheimer e os fatores abaixo, mas suspeitam que possam ter alguma influência como fator de risco para a doença:
  1. AmbientePesquisadores estão estudando uma série de fatores ambientais como possíveis causas e maneiras de prevenir a doença de Alzheimer. Por exemplo, o tecido cerebral de pessoas com Alzheimer freqüentemente mostra traços de alumínio ou zinco. Pesquisadores estão tentando determinar se esses ou outros tipos de metais são causa ou efeito da doença.
  2. Exercícios mentaisMédicos concordam que manter uma boa forma física e mental pode aumentar sua qualidade de vida. No entanto, nenhuma pesquisa provou que se manter mental ou fisicamente exercitado prevenirá ou mudará seu risco para doença de Alzheimer. Outros fatores de risco para os quais existem evidências conflitantes e necessidade de pesquisa adicionais incluem traumatismo craniano grave, certas infecções viróticas, história familiar de síndrome de Down, doença da tireóide e tabagismo.
  3. Exames de detecçãoNenhum exame simples pode predizer quem vai desenvolver doença de Alzheimer. Talvez algum dia surja um teste de detecção, mas provavelmente isso não ocorrerá em um futuro próximo. O objetivo das pesquisas em curso é entender os mecanismos básicos da doença, na esperança de identificar as pessoas em maior risco antes que elas desenvolvam quaisquer sintomas da doença de Alzheimer. Isso poderia levar ao desenvolvimento de tratamentos que possam retardar o início da doença.

Doença de Alzheimer

A doença de Alzheimer é a patologia neurodegenerativa mais freqüente associada à idade, cujas manifestações cognitivas e neuropsiquiátricas resultam em uma deficiência progressiva e uma eventual incapacitação. Em geral, o primeiro aspecto clínico é a deficiência da memória recente, enquanto as lembranças remotas são preservadas até um certo estágio da doença.
Além das dificuldades de atenção e fluência verbal, outras funções cognitivas deterioram à medida que a patologia evolui, entre elas a capacidade de fazer cálculos, as habilidades vísuoespaciais e a capacidade de usar objetos comuns e ferramentas.
O grau de vigília e a lucidez do paciente não são afetados até a doença estar muito avançada. A fraqueza motora também não é observada, embora as contraturas musculares sejam uma característica quase universal nos estágios avançados da patologia.
Esses sintomas são freqüentemente acompanhados por distúrbios comportamentais, como agressividade, alucinações, hiperatividade, irritabilidade e depressão. Transtornos do humor afetam uma percentagem considerável de indivíduos que desenvolvem doença de Alzheimer, em algum ponto da evolução da síndrome demencial.
Sintomas depressivos são observados em até 40-50% dos pacientes, enquanto transtornos depressivos acometem em torno de 10-20% dos casos. Outros sintomas, como a apatia, a lentificação (da marcha ou do discurso), a dificuldade de concentração, a perda de peso, a insônia e a agitação podem ocorrer como parte da síndrome demencial.

Índice de todos os artigos do Blog relativos à doença de Alzheimer

Para se tornar mais fácil localizar os artigos deste blog relativos a tudo o que diz respeito a DOENÇA DE ALZHEIMER, aqui fica um índice com todos os artigos:
  1. Doença de Alzheimer
  2. Fatores de risco para doença de Alzheimer
  3. Doença de Alzheimer - Cérebro
  4. Causas da doença de Alzheimer 
  5. Sintomas da doença de Alzheimer 
  6. Diagnóstico Precoce da doença de Alzheimer
  7. Sintomas da demência assocciada à doença de Alzheimer
  8. Prevenção da doença de Alzheimer
  9. Diagnóstico clinico da doença de Alzheimer
  10. Relação entre a doença de Alzheimer e altos níveis de colesterol
  11. Neuropatologia da doença de Alzheimer
  12. Comorbidades psiquiátrica frequentes na doença de Alzheimer
  13. Cura da doença de Alzheimer
  14. Tratamento fisioterapêutico da doença de Alzheimer
  15. Tratamento medicamentoso da doença de Alzheimer
  16. Manual para cuidadores de portadores da doença de Alzemier
  17. Fatores de Impacto nos familiares que cuidam de portadores da doença de Alzheimer
  18. Diagnóstico de Demência (de qualquer etiologia)
  19. Diagnóstico de demência da doença de Alzheimer possível
  20. Demência da doença de Alzheimer provável
  21. Efeitos adversos de Donepezila no tratamento da doença de Alzheimer
  22. Efeitos adversos de Galantamina no tratamento da doença de Alzheimer
  23. Efeitos adversos de Rivastigmina no tratamento da doença de Alzheimer

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